Carnaval 2024

Escolas apresentam enredos inspirados em livros

História, mitologia, emoção. Há tempos literatura e Carnaval se entrelaçam como fontes de inspiração. Assim, em 2024, os romances entraram com tudo nas avenidas carioca e paulista e bateram recordes de vendas.

No Rio de Janeiro, a Portela apresentou o enredo do livro UM DEFEITO DE COR, de Ana Maria Gonçalves – que retrata a escravidão e dá protagonismo à uma mulher negra. Publicado pela Editora Record em 2006, a obra já vai para a 37ª edição. Nas semanas pré-Carnaval esgotou nas livrarias e uma nova impressão já foi agendada.  

BASTIDORES

Segundo a Editora Record, ao longo de 2023 foram realizadas muitas conversas entre a Portela e a autora Ana Maria. Ocorreram encontros online e presenciais – oficinas, cursos, sessão de autógrafos na Quadra e leitura do livro pela comunidade do bairro Madureira/RJ – onde a Escola de Samba está localizada.

A Portela ficou em quinto lugar com a adaptação da obra em seu enredo deste ano. Porém, a Escola tem se inspirado diretamente em livros nas últimas décadas – Mário de Andrade e José de Alencar, por exemplo, também já foram   homenageados.

A OBRA

Adquiri UM DEFEITO DE COR, além do autógrafo e um breve bate-papo com a autora em junho/23 na Feira do Livro (@feiradolivro) de São Paulo. A leitura foi encerrada em novembro/23. 

Pelo seu volume – são 952 páginas – não é um livro fácil de manusear, mas, ao mesmo tempo, é difícil de largar. Sua intensidade prende a atenção do início ao fim. Durante os 10 capítulos, a narrativa percorre um extenso período cronológico: inicia com a captura da protagonista na África (início do século XIX) e segue até a última década deste século (1899).

Kehinde, é uma jovem africana traficada para o Brasil (Salvador). Anos depois, já livre da escravidão, idosa, cega e à beira da morte ela continua a busca pelo filho no Rio de Janeiro – perdido há décadas, após ter sido vendido pelo próprio pai. 

A saga fascinante da travessia entre África e Brasil se insere ao contexto histórico na formação do povo brasileiro. 

Vale a leitura. Vale rever os registros da obra pela Portela na Passarela do Samba, Marquês de Sapucaí, Centro do Rio.

E TEM MAIS LITERATURA, AÍ GENTE!!

A Imperatriz Leopoldinense, atual vice-campeã do Carnaval do Rio, inspirou-se na ficção “O testamento da cigana Esmeralda”, personagem do poeta e cordelista, Leandro Gomes de Barros. 

A Grande Rio destacou o livro: Meu destino é ser onça (Record, 2009), de Alberto Mussa. 

No Acadêmicos do Salgueiro o livro “A queda do céu: palavra de um xamã Yanomami” (Companhia das Letras, 2010), de Kopenawa e Bruce Albert, consta, entre outros, na lista de referências da sinopse do enredo.

Em São Paulo, a atual campeã Mocidade Alegre teve o enredo inspirado em Mário de Andrade e nas suas viagens pelo Brasil – bem como no seu primeiro livro “Pauliceia Desvairada” (1922).

A Porto da Pedra reverenciou os ensinamentos do livro “Lunário Perpétuo”, de Jerônimo Cortés, o Valenciano, que o escreveu em 1594. Durante cerca de 200 anos este teria sido o livro mais lido no nordeste brasileiro. 

Em breve haverá um texto por aqui sobre a minha leitura de “Um defeito de Cor”. Mas enquanto isso, confira os outros textos da categoria Li e Curti!

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