Terreno baldio

Poesia é morada num terreno baldio
É dar sentido aos abandonos
Memórias de chão batido
Paisagem de infância riscada na terra

É onde portão se encerra enferrujado de passado
Entreaberto é lírico
Caído é trágico
Batendo é épico

Das casas que habitamos, nem nada sobrou
Mas os velhos pregaram peça na nossa matéria:
pé direito alto não cabe em sapato
só serve para mancar
Espelho tem raio dentro se trovoa
Prego na ponta dá cócegas
Urubu plainando faz mormaço
Pedra que dá na outra incendeia
Chá de mato preto amarga a cura na cor

Fotografaram o ínfimo, os velhos
Nos disciplinaram nos trechos do poema
Aqui não é mais um lugar
Agora não é mais um instante

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