Meus amigos, meus inimigos

Meus amigos, meus inimigos
Há pouco tempo para sentar-se à mesa
beber em cálice conjunto
dividir o pão com dedos lastimosos
O bate pronto do relógio espreita às nossas costas
e nem História nos salva a memória perdida

Filhos nasceram, filhos morreram
Infância que dorme espelhada nos brinquedos
Cresce a realidade urgente das coisas combalidas
O todo agora é instante
Acidente de espuma nas horas desfeitas

Somos sábios, ainda que velhos
O medo premeditado não é em vão
Pularemos sobre as catacumbas
vem do fundo delas o cântico eterno
etéreo som com que se ensaia a liberdade

Pisamos diariamente a terra dos mortos
Fortemente resistem os ossos em nosso trajeto
Alheio à estrada, distante
Solidário a quem passa, a quem reside

Texto e foto por Tiago Amado

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