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Querer
O vento gelado de fim de tarde lhe esfriava além do corpo. A previsão no celular indicava 18 graus de um céu limpo com poucas nuvens.
Após a caminhada até a praia alinhou-se no sofá para esquentar os pés.
Lá fora o assobiar do vento nas folhas das palmeiras dizia onde estava: em seu refúgio à beira-mar.
Há pouco avistou o barco encoberto por gaivotas. Já ia longe e não mais perceberia o aceno. A noite seria de pesca para ele… de mais espera para ela.
Sabia que não o veria. Que nunca o teria. Mesmo assim, dirigiu até ali e correu para acenar…
Ficar
Acordou naquela manhã com o alvoroço dos pássaros no telhado. Os raios do sol já invadiam as frestas da janela de madeira. Mas, o vento que passava a caminho do mar ainda era frio.
Os ruídos da rua. O pó na soleira. O capim no canteiro. Os muitos panfletos na caixa de correio. As sementes no trilho do portão. As pegadas na calçada… Tudo como sempre.
O café. A leitura. O sossego. Tudo estava ali. Menos aquele olhar para lhe dizer bom-dia.
(10/10/2020 – sábado/18h34 – Penha/SC).
Por Sônia Regina