A leitura de A invenção de Morel, de Adolfo Bioy Casares, me deixou entre a estranheza e o encantamento.

“Nossos hábitos pressupõem uma maneira de as coisas acontecerem, uma vaga coerência no mundo. Agora a realidade se me apresenta alterada, irreal. Quando um homem desperta ou morre, demora a se desvencilhar da vida”.
Este é um trecho de uma das minhas últimas leituras, A invenção de Morel, de Adolfo Bioy Casares. É um livro que me deixou entre a estranheza e o encantamento.
O personagem de Bioy Casares vive numa ilha onde realidade e imaginação se fundem num universo projetado, como numa dimensão cinematográfica. Não sei o que Casares conhecia sobre celulares, mas escreveu sobre “todos os aparelhos de superar ausências”. Acho que ele fala da solidão, dessa vertigem moderna comum na vida hiperconectada.
Achei difícil a leitura e por hora não sei o que mais entendi da história, dos personagens, dos temas, nem da forma. Só que Jorge Luis Borges disse ser uma “trama perfeita”. Ou então, posso pelo menos guardar a imagem do jardim que Morel planejou para ele e Justine:
“Sinto um pouco de vergonha ao declarar meu projeto. Uma imensa mulher sentada, olhando o poente, com as mãos entrelaçadas sobre um joelho; um homem exíguo, feito de folhas, ajoelhado aos pés da mulher (abaixo desse personagem porei a palavra ‘EU’ entre parênteses).
Haverá esta inscrição:
Sublime, não distante e misteriosa,
com o silêncio vivo de uma rosa“.

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