QUANDO OS RATOS CONTAM HISTÓRIAS…  

Mas, por que ratos? Por ser uma figura subversiva que habita o submundo, o lixo, os buracos, os esgotos e por estar presente nas artimanhas do cotidiano. Assim o quadrinista e escritor Thiago Souza define seus personagens: uma maneira de satirizar, metaforicamente, o ser humano “certinho” num corpo de animal.  

E é desse jeito irreverente de criar que Thiago lançou o sexto volume do livro Os Ratos na Fundação Cultural de Rio do Sul, dia 11/04. Desde 2019 publicando de forma independente, dessa vez o autor tem a parceria da Prosacult Editora (Lontras/SC), por meio do selo Ruptura Edições. 

Residente em Gaspar/SC, Thiago apresenta em suas obras estudos e influências nacionais e internacionais da música, do cinema, de situações do dia a dia das ruas. “São esquetes sem personagens fixos. Uma junção de várias referências culturais, com o meu traço e tipo de humor, que geram as histórias”, revela.

Thiago contou pra gente algumas curiosidades de sua trajetória.

Como começou seu trabalho que envolve o visual e a escrita?

Desenho desde pequeno e sempre gostei muito. Aos oito anos lia bastante quadrinhos, a maioria de super-heróis. Depois, conheci os quadrinhos underground produzidos nos anos 80 aqui no Brasil. Me identifiquei com aquele tipo de humor e quis fazer uma coisa parecida.

Além do desenho, com o tempo me envolvi com música e literatura. É importante ter embasamento através de livros. Tudo isso fui agregando quando comecei a fazer meus personagens. 

Fui trabalhar e morar em São Paulo e passei a gostar de tirinhas de jornais. Sempre tive influência dos chargistas e identificação com o cartoon. Lá, para manter contato com o pessoal de Gaspar onde moro, usava o Facebook para mostrar as tirinhas.

 Primeiro eram histórias normais, depois tive a ideia de criar um personagem para basear os textos de uma forma diferente: sem os traços de ser humano e muito parecido com os dos cartunistas que tanto gostava. Então, trouxe um animal num corpo humano para fazer essa abordagem. 

Foi aí que surgiu esse universo com os ratos?

Sim, pensei no rato porque ele tem essa conotação mais subversiva, do esgoto, da sujeira, em relação ao ser humano – que é o certinho, digamos. É um jeito de, metaforicamente, satirizá-lo. Gostei também do layout de desenhar o rato. Algo fácil, que pode-se produzir mais vezes, de forma rápida e capaz de segurar o humor que eu queria fazer. 

São ratos em várias situações do cotidiano. Nunca tem um rato específico, um personagem fixo. Sempre são várias esquetes de humor. E, nos textos, as influências vêm desde a música a filmes antigos e novos de diferentes gêneros.
Então, é uma mistura de várias coisas que eu gosto. Começou com tirinhas curtas e, com o tempo, as histórias ganharam trechos mais longos para os livros.

O Volume 1 desenhei em 2017, quando comecei a criar no Facebook e o pessoal comentou de lançar as histórias compiladas em um álbum. Mas, só em  2019 consegui publicar, de forma independente, o primeiro livro e passei a participar de feiras e eventos. Estou nessa trajetória há seis anos e com seis livros publicados – até chegar neste recém-lançado com o selo da Ruptura Editorial. 

Nesse Volume 6 trago a temática da música brasileira, do chorinho, do samba. Uma homenagem com humor e ratos.

Como é o seu processo criativo?

Geralmente quando penso numa historinha, já vou rascunhando a lápis. Vejo quantos quadros terá e vou fomentando na forma de roteirizar junto ao desenho. Para histórias mais longas faço um breve roteiro e desenvolvo como seria a narrativa gráfica, ou seja, como ficaria em quadros.

E começa assim, penso em uma piada, em uma situação do cotidiano que acho engraçada e transformo em personagem. Às vezes trago alguma coisa que vi na rua, uma conversa com amigos, uma notícia. São ideias que vão se encaixando e, na maioria, com referências musicais. 

Faço primeiro a lápis, depois passo a canetas nanquim e pincéis para preencher o fundo. Tudo à mão, na própria arte do quadrinho. Quando já está desenvolvido na página, vem a arte final. Que é a parte que mais gosto de fazer. Depois, escaneio as páginas, envio para o computador, diagramo e elas seguem para a gráfica. Durante todo esse processo ouço música e, quase sempre, já vou pensando no próximo livro. 

Texto e imagens: Sônia Regina 

Entrevista/imagens: Tiago Amado 

Mais sobre o autor:

@os.ratos

@thiagopck

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