Pois, então. Não estava nos planos. Sequer havia imaginado um transcorrer de maio assim. Nossa irmã Sandra, a primeira nascida entre os quatro irmãos, foi hospitalizada com um aneurisma cerebral.
Naqueles dias angustiantes, compreendemos que planos são planos, e nem sempre a vida quer saber deles. Desprevenidos, percebemos que ela simplesmente mete a cara, sem compaixão.
Cabisbaixos, em quartos e leitos enfileirados de hospital, sentimos a dor de todos. Aprendemos com mais clareza o poder da fé e da oração, e que palavras como “milagre” e “vai ficar tudo bem” alentam corações acelerados.
Não estávamos prontos e, de mãos dadas, choramos de tensão e alívio. Comprovamos que a união da família e dos amigos nos possibilita rever quem somos e tudo o que ainda poderemos ser e fazer.
Vida longa, irmã. Vida longa aos abraços consoladores e energizantes – presenciais ou enviados de longe. Vida longa a todos os anjos que estiveram conosco, em especial aos do Hospital Santa Isabel, em Blumenau, pelo cuidado humano aos pacientes e a nós, impacientes que somos.


Pois, então. Não estava nos planos. Sequer havia imaginado um transcorrer de maio assim. E, naqueles dias de espera, do outro lado da rua, do ladinho daquele hospital, um pequeno hotel me acolheu.
Está ali, desde a década de 1940, quando Hermann Klemz decidiu transformar sua casa, na Rua Marechal Floriano Peixoto, 213, Centro, no Hotel Hermann (@hotelhermann). Uma “singeleza” como diz o recorte do Jornal de Santa Catarina fixado na parede da recepção.
Em estilo enxaimel, o lugar traz a simplicidade colonial e o aconchego em cada detalhe florido da decoração germânica. Pela fresta da janela, que eu abria todas as manhãs, deixava entrar o sopro de boas notícias vindas daquele hospital do outro lado da rua.
Aqueles desconhecidos e seus “bom-dia” logo cedo no refeitório, aquele estalar de passos no assoalho de madeira dos corredores, aquele bater de portas em chegadas e partidas, me aqueciam para a realidade da vida lá fora. Era disso que eu precisava.









Pois, então. Não estava nos planos. Sequer havia imaginado um transcorrer de maio assim. E, entre raios de sol e respingos de chuva, houve frio e calor. Houve noites de pouco sono e apetite. Houve a descoberta do sorvete artesanal, encostadinho ao hotel. Houve contagem de dias, felizmente todos bons, após a cirurgia.
E, em uma manhã ensolarada e fria de sexta-feira , depois de 20 dias, fui buscar a Sandra naquele hospital do outro lado da rua. Sentada naquele sofá antigo, daquela sala antiga, naquele hotel antigo, uma nova vida chegou para nossa irmã. Ali, cercada de bolsas, travesseiro e sorrisos, aguardou a carona de volta para casa.



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